SÍNTESE INVESTIGATIVA DO PERCURSO DE UMA PINTORA SINGULAR

LIVI, Silvia Helena Becker [1];

LIVI, Rogerio Pohlmann[2];

PINTO, Marco Aurélio Biermann3

Resumo: Amelia Pastro Maristany nasceu e morreu em Porto Alegre (1897-1979). Em 1920, ao visitar a exposição do pintor espanhol Luis Maristany de Trias, conheceu o artista, com quem casou em 1922. Com ele viajou e frequentou um universo artístico desenvolvido, em muito distinto do então existente em Porto Alegre, consolidando uma sólida carreira profissional como pintora. Em 1938 o casal retornou a Porto Alegre, onde Amelia expôs individualmente e em salões, recebendo críticas entusiasmadas na imprensa local. Este estudo é o resultado do deslinde de uma trama de citações desencontradas sobre ela, compiladas em livros, catálogos e folhetos de exposições na imprensa nacional e estrangeira e aponta para uma cronologia das suas numerosas atividades artísticas e para a sua relevância na História da Arte do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Pintura Moderna; Pintora de flores; Mulher Pioneira; Porto Alegre.

Abstract: Amelia Pastro Maristany was born and deceased in Porto Alegre (1897-1979). Amelia visited an art exhibit presented bythe Spanish painter Luis Maristany de Trias in 1920 when she first met the artist. They were married in 1922. Since then they travelled together and Amelia was exposed to a well developed artistic universe quite different from that of Porto Alegre at the time. She developed a strong professional career as a painter. In 1938 the couple returned to Porto Alegre where Amélia presented in solo exhibits and sent paintings to art salons, receiving enthusiastic reviews from the local press. This study is the result of disentangling is organized citations about her in books, exhibit catalogs and flyers by Brazilian and international media. It reveals the chronology of her numerous artistic activities and points to her relevance in the History of Art at Rio Grande do Sul, Brazil.

Keywords: Modern Painting. Painter of flowers; Pioneer woman; Porto Alegre.

INTRODUÇÃO

Filha de italianos de Veneza, Amelia Pastro nasceu em Porto Alegre em 1897. Desde menina cultivava flores no jardim do casarão de seus pais e as pintava até em portas e janelas. Relatos e documentos da família pouco revelam sobre a sua formação artística, mas há referência de ter estudado com Francisco Coculilo (18931971), pintor carioca descendente de italianos, quando ele se radicou por um ano em Porto Alegre.

Quando Amélia estava com 20 anos, Porto Alegre já contava com o Instituto de Belas Artes (IBA), mas ela não estava entre os seus então poucos alunos. À época, as acomodações no IBA eram acanhadas, com apenas uma sala de aula, o ensino era acadêmico, focado no desenho, com estudo de modelos em gesso cópias de esculturas gregas (SIMON, 2003). Buscando representar a natureza das flores como se revela ao ar livre, Amélia demonstrava a mesma intenção de pintores impressionistas como Monet, porém no Rio Grande do Sul não havia pintores impressionistas que a pudessem ensinar.

Embora existisse o IBA, a Porto Alegre de 1920 não oferecia lugares específicos para exposições de pintura, e Luis Maristany de Trias, experiente pintor espanhol que itinerava na América do Sul, teve que se contentar com uma sala com iluminação deficiente no Clube Caixeiral para a sua primeira exposição na capital gaúcha. Nascido em Barcelona em 1886, Luis abandonou o curso de Engenharia Naval pela Academia de Belas Artes de sua cidade natal, sendo premiado em 1903 no Salão de Belas Artes de Madri com um ano de estudos em Paris. Filho e neto de homens do mar, o artista manteve o gosto por viagens em busca de paisagens para pintar, vindo para a América do Sul em 1905. Em maio de 1906, em Buenos Aires, expôs paisagens de Córdoba, e seguiu pintando e expondo em constante deslocamento por Argentina, Uruguai, Chile e Brasil.

Reconhecido como impressionista ou divisionista, pelas pinceladas vigorosas em suas paisagens e marinhas luminosas, Luis Maristany de Trias teve a sua exposição no Clube Caixeiral considerada pela imprensa de Porto Alegre como a primeira de pintura de sua escola realizada na cidade. A exposição foi um sucesso, com várias telas vendidas, tendo o Instituto de Belas Artes adquirido Rocas de Constituição, marinha de Constitución, na costa do Chile, obra pertencente ao acervo da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS (GOMES, 2015).

Amelia fazia um curso prático de bordado a máquina em uma loja próxima àquele Clube, o que propiciou que logo visitasse a exposição. Demonstrando muito interesse por aquela pintura distinta de tudo o que então se via na cidade, foi atendida por Luis, a quem, inicialmente, julgou ser o ajudante do pintor. Contam os seus familiares que nesse mesmo dia foi pedida em casamento, união que ocorreria dois anos após o encontro, depois de uma intensa troca de correspondência entre eles e de Luis ter cumprido agenda de exposições na Argentina. A cerimônia ocorreu em 19 de agosto de 1922 e ela assumiu o nome Amelia Pastro Maristany de Trias.

VIAJANDO E EXPONDO

Após o casamento, Amelia e Luis viajaram e ela começou a apresentar e a vender os seus quadros de flores. Nas primeiras exposições, realizadas na Argentina, ela assinava Amelia de Maristany, como constou em catálogos e na imprensa. Expôs em Santa Fé, na Galeria Guastavino y Carrières, em dezembro 1923, e em 1924 em Bahia Blanca, no Salão de Atos do Palácio Municipal, e Buenos Aires, no Salão do Palace Hotel.

Amelia expôs pela primeira vez no Brasil em dezembro de 1925, no Salão de Honra da Sociedade Rio-grandense, no Rio de Janeiro, e a seguir em São Paulo, no Salão do Cine Club, em janeiro de 1926. Sabemos, por fotos identificadas com local e data, que o casal também esteve em cidades de Portugal (Lisboa, Porto, Setúbal e Funchal) e da Itália (Roma, Veneza, Ravena, Génova, Trieste e Rimini), com indícios de Amelia ter exposto em Roma, na Galeria Giosi, em junho de 1926. Neste mesmo ano estiveram em Barcelona, com exposição na Galeries Dalmau, um espaço então referência da arte de vanguarda na Espanha. Após nascer sua filha Amelia Alice, em novembro de 1928, em Buenos Aires, com ela retornaram à Espanha em 1930, e ambos realizaram exposições em Vigo em novembro. Amélia com seus trinta quadros com flores da Galícia foi elogiada em crítica na revista local Vida Gallega:

De esta artista no se puede decir que no sabe hacer mas que pinturitas de convento. Su factura es vigorosa, varonil, valiente, de ámplias pinceladas, de efectos soberanos. En sus flores hay toda la vida que pueden tener al despertar, em el jardin, besadas por el alentador rocío matinal.

A PINTORA E SEU TEMA

Ao escolher ser pintora de flores, um tema bem específico, Amelia garantia identidade artística própria, fácil de reconhecer, independente de seu marido, com o qual costumava expor, preferencialmente em salas separadas, ou ele antes e ela depois, se apenas uma sala disponível, como destacou em entrevista de 1956.

Em outra entrevista, mais antiga, publicada em 1925, revelou que:

As flores exercem sobre a minha sensibilidade uma fascinação ao mesmo tempo encantadora e tirânica. Pouco a pouco, trabalhando sem trégua e com agrado cada vez mais intenso, o gênero que elegera, acabei adquirindo técnica especial e um senso interpretativo que os críticos reputam pessoalíssimo.

A identidade artística de Amelia desde o início se firmou com esse tema.

Amelia compõe com arte arranjos de flores colhidas no ambiente natural, mesmo que estejam apresentadas em vasos. São flores modestas, não buquês aristocráticos, muito menos formas padronizadas esboçadas e coloridas, como é frequente nos trabalhos acadêmicos.

Os inúmeros comentários das exposições elogiam a artista e reiteram a “delicada sensibilidade feminina”. Porém essa artista mulher, algo raro, pinta as flores com força e poder, o que os críticos entendem que não corresponderia a um temperamento feminino.

NOTAS NA IMPRENSA ARGENTINA

Trechos de notas de imprensa da época, aqui mantidos no idioma original, mostram a repercussão das primeiras exposições de Amelia.

Em 5 de dezembro de 1923 ficou registrada a exposição aberta em Santa Fé no dia anterior, e que foi bem divulgada na imprensa local:

Es esta La primera exposición que de sus telas realiza La señora de Maristany, pero así y todo nos complacemos en afirmar que ofrecen sus cuadros amplio margen al más laudatório juicio crítico, evidenciando desde ya condiciones artísticas insuperables, promissoras [...] el pincel de esta virtuosa artista se destaca con rasgos definidos.

Uma outra nota de arte, como a anterior, encerra poeticamente:

He aquí una artista de la flor: La senõra Amelia de Maristany. Rica de colorido, inspirada, da en todos sus cuadritos la nota policroma de la primavera. Sus trazos tienen tanta fuerza, tanto poder, que parece como que no corresponderam a un temperamento femenino. Y, sin embargo, son de un alma enamorada de La naturaleza em lo que esta tiene de más puro y de más bello, de las flores. [...] En cada pétalo de estas flores, parece como que se asomara, arrullándolo, un canto, la copla de una poesía ideal.

No dia da abertura, outra nota cita exposição anterior de Luis:

Es La primera vez que esta artista expone entre nosotros, que hemos tenido oportunidad de apreciar las telas de su senõr esposo, Luis Maristany de Trias. Según se nos adelanta, La senõra Amelia de Maristany, es una exquisita pintora de flores.

La exposición de la pintora Amelia de Maristany é o título de outra coluna, recortada de jornal há longa data, na qual estão referidos o número de telas e o local da exposição, identificando sem dúvida ser a de 1923. Em apreciação anterior, a palavra “delicada” é contraposta com “força e poder”; aqui a pintura é “delicada, frágil, temerosa da luz”, destoando um pouco da maioria das opiniões.

Delicada sensibilidade femenina, para la qual hay exquisita gradación de matices em la frágil beleza de las flores, inspiradoras de lãs veinte pequenas telas expuestas em los salones de los senõres Guastavino y Carriéres.” [...] Es uma pintura delicada, frágil, temerosa de la luz e de herirlas pupilas de valentias de color. Elige La señora de Maristany como assuntos las flores modestas y olorosas que nacem a escondidas; botones de oro, margaritas, violetas, íris; lo que la primavera hace brotar junto a las aguas y entre el césped, sin que sábios jardineiros le apliquem su geometria.

Em longo texto, no Nueva Epoca, Amelia é reconhecida por ser uma artista de personalidade, independente de formas acadêmicas.

Pero el artista, há puesto algo suyo y muy suyo, que ni es el color, ni es la forma, ni es el estilo, ni es nada de lo material que hay em la tela. Este algo suyo, es el espirito del artista, es lo que hallamos em las flores de Amelia de Maristany, independizada de formas acadêmicas y pintando sin descuidos de técnica, pero haciendo sentir por encima de los mandamentos preceptivos, La influencia de su personalidad.

Após encerrada a exposição em Santa Fé, são citadas as telas vendidas:

Nuestro elogio há sido apoyado por la mayoria de los que han desfilado por el salón donde se exponian dichas telas, cuyo juicio há sido unanimemente favorable. [...] Encuanto al éxito material, hasta nos decir que han sido vendidas, entre outras, las telas denominadas: “Violetas”, “Margaritas”, “Ante ele espejo”, “Flor de oro”, “Jarrito azul”, “Jarrón chino”, “Rosas de outono”, y “Jarron de Sevres.

Outra nota confirma que a maior parte das obras foi vendida e que a sociedade de Santa Fé pôde adquirir quadros lindíssimos, com notas de vida e de colorido. Além das seis notas acima, das quais selecionamos apenas alguns trechos, foram publicadas outras, mais curtas, anunciando a abertura ou reforçando a divulgação.

A primeira exposição de Amelia ganhou destaque e, segundo a imprensa, foi um sucesso. Entretanto nada encontramos na imprensa de Porto Alegre, sua cidade natal, sobre essa ou as exposições seguintes, e pesquisas em material publicado no Brasil não revelam que essas exposições ocorreram e tampouco as impressões que causaram. Por isso decidimos apresentar uma quantidade expressiva dos textos críticos publicados na época. Eles validam as exposições e permitem que se examine como Amelia, artista mulher, era percebida no mundo artístico dos locais onde mostrou seus quadros de flores.

A segunda exposição ocorreu em agosto de 1924, em Bahia Blanca, no salão do Teatro Municipal. A artista é apontada como ”delicado temperamento de mulher sensível às belezas da cor e capaz, por sua excelente técnica, de fixá-las na tela com indiscutível bom gosto.” Outro texto salienta as dificuldades para obter flores em agosto:

La senõra de Maristany es una distinguida artista, cuyo fino temperamento de mujer dotado de exquisita y cultivada sensibilidade, se exteriorizan en sus telas, ejecutadas con técnica segura y noble entendimento del arte. Las telas que exporá enel local indicado han sido ejecutadas durante su permanência em nuestra ciudad. La estacción no es propicia a la abundancia de flores; sin embargo las que há podido obtener [...] han sido motivo suficiente para excitar su actividad de artista, capaz de experimentar las intimas emociones del color.

Na imagem abaixo, Amelia posa em uma exposição sua, diante de mais de trinta obras: o número é compatível com o informado em uma nota curta na imprensa de Bahia Blanca, em 1924.

Figura 1 – Amélia Pastro Maristany. Fonte: os autores

Em novembro de 1924, P. Vera Sales apresentou a exposição em Tres Arroyos:

Suele ser un caso esporádico el que una mujer impressione pictórialmente. Tal el que nos parece el della señora Amelia P. de Maristany, conla variada muestra de óleos expuestos em el vestíbulo del teatro Español,” [...] “ lo há conseguido con una maestrIa insólita la señora de Maristany, sensitiva alma de delicada mujer. Porque solo una mujer de sentimientos refinados puede llegar a la suprema felicidad de aprisionar em su lienzo el alma, no menos sensible, de las flores. Hay em su exposición notas que suspenden el ánimo del aficionado por la justeza de interpretación y por la valentia y seguridad con que están pintadas.

Na coluna “Manifestaciones de arte” sobre a exposição em Tres Arroyos:

El conjunto de las telas, por su esmerada confección, guarda entre si una singular armonía, que se percibe a lasimple vista, aunque, observando condetención, se advierte que algunos de los trabajos merecen destacarse por la limpieza, suavidad y colorido adecuado que reflejam, lo que prueba que la autora ha podido en ciertos casos reproducir sus motivos com insuperable fidelidad, sin que por esola generalidade de sus pinturas se aparte mayormente de la realidad.

O autor do texto Belas Artes se refere ao “delicado temperamento de

artista” e salienta a "delicadeza feminina”, acompanhada do substantivo “exquisitez”, em espanhol um elogio que demonstra excelência pouco usual, extraordinária, e que também surgiu em outros comentários.

El tema simpático de las flores es el tratado por este delicado temperamento de artista em los cuadros que expone en las galerias del teatro Español. [...] Adviérte se en las composiciones de esta artista el sentido penetrante del tono y la garra poderosa de la ascultacion cromática, [...]. Es suyo un conjunto de arte esencialmente arrancado de cuanto de hondo y fino tiene la exquisitez y delicadeza femeninas: reconforta el espírito y nos llena de íntima emoción, cual si estuviese animado por un hálito de divinidad.

DESTAQUES NA IMPRENSA E TEXTOS IMPRECISOS

Amelia decidiu expor no Rio e em São Paulo antes de ir para a Europa. Em 26 de novembro de 1925 inaugurou a sua exposição no Rio de Janeiro, e o jornal A NOITE, na edição de 23 de novembro, assim a divulgou:

Na paisagem, o seu maior encanto: a flôr

Amelia de Maristany pinta exclusivamente flores. Jamais cuidou de pintar qualquer outro motivo pictórico. Dai a mestria com que conseguiu na especialidade e que a fez, quiçá, única no gênero.

Na matéria, ainda a resposta de Amelia sobre exposições anteriores:

Apenas organizei uma exposição, essa em Buenos Aires. Não fica mal dizer, suponho, que o êxito excedeu de muito a minha expectativa, tendo algumas das minhas telas merecido elogios incondicionais dos críticos de arte platina.

Surpreende que Amelia tenha ignorado as primeiras exposições que ocorreram em cidades menores da Argentina, citando apenas uma em Buenos Aires, exposição sobre a qual, diga-se, até aqui nenhuma outra informação foi localizada.

Notícias de jornal relativas a eventos passados por vezes são imprecisas e podem induzir a interpretações incorretas. O material impresso sobre as viagens de Amelia, em sua maioria, informa que o casal partiu para a Europa logo após o casamento, mas verificamos que antes da chegada àquele continente estiveram por alguns anos na Argentina, onde ela realizou várias exposições. Percebemos também que as cidades visitadas e as exposições realizadas não costumam constar em ordem cronológica, mas em ordem de importância ou reconhecimento no âmbito cultural.

Alguns textos cujo intuito principal era o de divulgar exposições foram elaborados sem muito cuidado. Em alguns, na biografia de Luis foram eliminados períodos essenciais. Um deles informa que Luis se estabeleceu em Porto Alegre após o casamento, enquanto outro, que se estabeleceram em 1927, quando o casal voltou da Europa, portanto após a primeira viagem do casal. Os eventos obliterados na biografia de Luis são importantes na biografia de Amelia; verificamos que ela sempre viajou com o marido, fato que nos ajudou a traçar a rota que seguiu, pois são escassos dados específicos seus.

AMELIA NO RIO DE JANEIRO

No Rio de Janeiro Amelia expôs na Sociedade Rio-grandense, com a presença de muitos conterrâneos seus. Importantes jornalistas assinaram o livro de presença: Argimiro Zimmermann, do Correio do Povo, de Porto Alegre, Aureliano Amaral, do Jornal do Brasil, Lincoln de Souza, de A Pátria, e Hélio da Silva, que sobre ela escreveu na coluna Vanguarda, ilustrada com foto da artista:

Florescem tão pouco as flores na floração maravilhosa dos pinceis que foi com uma ânsia de colorido que procurei conhecer a exposição aberta ha bem poucos dias na Sociedade Rio-grandense à Avenida Rio Branco 183. Amelia de Maristany é a pintora das flores pequenas, dos junquilhos e das violetas ... Dizem que há muito de másculo em sua fatura, pela ousadia do colorido. Mas é a alma verdadeiramente feminina que ressurge nos pequenos ramos de flores que se debruçam nas molduras douradas. Sua personalidade não vive de técnica nem de colorido. É com o próprio aspecto do quadro. Não se pode precisar onde esteja, mas existe. A tela 16 – Harmonia em Violeta - é uma personalidade e uma delicadeza de emoção que bastam para afirmar uma artista. É curioso – Essa mulher alta, loura e clara, como uma flor alta e clara, pinta melhor as flores pequenas e escuras. E, na flor em que mais se sente a vibração de seu pincel é na violeta. [...]. Mas se Amelia de Maristany é a pintora das violetas, também há sol no seu pincel – vaso de vidro.

Hélio da Silva elogia o quadro 27 – Violetas e junquilhos - como o mais belo da exposição e remata seu texto descrevendo duas obras compostas por vários elementos: As Quatro Estações e A Vida da Flor. Essas obras também toram descritas na coluna Nas Artes, de O Globo:

Encerra-se depois de amanhã a exposição de pintura que a Sra. Amelia de Maristany está fazendo com tanto êxito no salão da Sociedade Sul-RioGrandense, e exposição que só agora tivemos ensejo de visitar. A nossa impressão não pode desmerecer da que ali tem sentido todos os visitantes no meio d’aquelas flores que fez desabrochar o pincel finíssimo da Sra. Maristany, e às quais faltaria apenas o perfume se elas não fossem pintadas. E assim dizemos porque o mais ali se sente e vê, tão vivo é o sentimento que aquela artista possui, não diremos da cor, simplesmente, mas do colorido das flores, ou da flor. Haja vista a tela em que ela nos mostra, num tríptico suavíssimo, a vida de umas rosas, rosas que florescem n’uma latada de perspectivas doces que ornam depois um pequenino recanto, de amor talvez, e que por fim se desfolham à luz de uma tarde triste. “As Quatro Estações” é outro quadro de quatro faces em que se revela e resume a arte da pintora, porque ela evidencia ali como compreende as mutações da natureza, a vida das folhas verdes e das de ouro, o rebentar dos gomos e o desabotoar-se das flores. São as quatro estações com os coloridos da terra e do céu.

A mesma coluna de O Globo já havia divulgado Uma exposição de Arte e coloridos com subtítulo O que nos vai mostrar uma pintora do sul, comunicando que em 26 de novembro Amelia inauguraria uma exposição “original e delicada” de sua arte. “É um pequeno jardim suspenso das paredes do salão da Sociedade Riograndense, à Avenida Rio Branco, 183”. Reportou, ainda, que no dia em que a exposição inaugurou “o salão encheu-se de uma seleta concorrência.”

Hernani de Irajá, também pintor, manifestou-se no livro de presença da

“distinta conterrânea” e na coluna Artes Plásticas:

Amelia especializou-se em flores. Pinta-as com alma, sente-as profundamente. É interessante ver-se os efeitos que sabe tirar e exaltar da luminosidade de uma braçada de rosas ou de um apanhado de cravinas. A luz canta como se a côr da pétala fresca se juntasse vibração miraculosa do perfume. Do “duo” evola-se um delicioso mixto de adoração e de arte! As violetas murmuram; os cravos adormecem; as camélias sonham pequeninas luas de claridade e aroma; os heliantos retorcem-se dentro de alas alaranjadas que os circundam concêntricos. Toda a paleta de Amelia é a magia dos jardins floridos que cantam ao crepúsculo, ou ao sol, as elegias da magoa ou as canções heroicas da vida.

Em 28 de novembro, sob o título Uma Synphonista das Côres, na revista A.B.C.:

A senhora Amelia Maristany, a notável pintora gaúcha de que o publico da metrópole tem admirado uma linda galeria de telas, no Salão da Sociedade Riograndense, é um bizarro temperamento de colorista! Sua visão afeiçoouse tão intimamente aos tons suaves da flora, que hoje somente pétalas e corolas anima na tela a sua rica paleta.

TEXTOS NA IMPRENSA PAULISTA

Em São Paulo, em 1926, a exposição de Amelia no salão do Cine Club, com quarenta e seis quadros de flores, teve ampla divulgação em veículos de imprensa que publicavam em italiano, alemão e catalão, revelando a presença de um expressivo número de estrangeiros na cidade, que se pretendia capital artística do país. Trechos selecionados de jornais de São Paulo dão uma amostra preciosa da reação dos críticos.

No Deutsche Zeitung, jornal em alemão:

A artista pinta apenas flores. Não como se conhece de jovens moças que muito se empenham nas artes e aprenderam pintura junto com outros trabalhos manuais, mas sim como mestre, que percebe nas plantas a alma, e sabe como a expressar. Aliado a isto, encontra-se o absoluto domínio da distribuição das cores e do colorismo. A luz é representada com primor, o espaço maravilhosamente trabalhado, os objetos magistralmente trabalhados em seus tons, como por exemplo um brilhante e luminoso vaso vermelho, com flores azuis, e fundo em cor de íris. Os trabalhos transpiram natureza e não se tratam de simples cópias ou descrições. A escolha, a composição das diferentes plantas tem um charme encantador e atua como um poema. Poemas estão também presentes em alguns esboços. "A vida de uma flor", um tríptico bem planejado: A vitalidade das plantas ao ar livre, na natureza, depois elas no vaso, arranjadas na sala da elegante Dama, e por fim envelhecida e despetalada. Outro tríptico mostra as formas das flores na primavera, verão e inverno. Vá e se encante. A Sra. Maristany pinta o que expressivamente merece acentuar-se, com grande atenção, mas nunca se tem a impressão de estar frente uma foto colorida [Koloriertes]. Uma exposição, que assim como as flores que figura, é um verdadeiro deleite de se ver.

No Diário da Noite, D. Amelia de Maristany, jardineira de emoções inicia poeticamente, inspirado por um tríptico alegórico das estações do ano, e conclui:

Basta dizer que D. Amelia de Maristany não realiza, em seus trabalhos, uma arte meramente decorativa, efêmera como as flores que pinta. Antes, pereniza a existência fugidia das coisas fugidias. Na fragilidade dos “motivos” está o forte de sua técnica, que sabe cromatizar com perícia, em gradações inteligentes, todos os aspectos triviais de uma cesta florida, cuja simplicidade é o próprio encanto das coisas naturalmente humanas. Revelando-se a artista uma verdadeira conhecedora da arte a que se dedicou, os seus trabalhos foram muito apreciados, pela técnica que revelam, pela novidade do gênero em nosso meio. Estavam expostos os seguintes quadros: A vida de uma flor; As quatro estações; Violetas rôxas, rosas brancas; Junquilhos e violetas; Bleu; Jarra de vidro; [... ]

O Jornal do Comercio, em texto assinado pelas iniciais “M. D.”, salienta a carinhosa sensibilidade da artista em pintar “desde a volúpia quente e agressiva dos cravos até o roxo modesto e triste das violetas. Mas volúpia e tristeza com um sentimento rico de poesia e não simples mostra de pinceladas inexpressivas.” O tríptico “A vida de uma flor”: “Concepção, incontestavelmente, amável e que só uma mulher de sensibilidade requintada poderia executar.” Fanfulla, jornal em italiano em Arte edartisti:

Amelia Maristany pinta com força, com ímpeto, com vigor, com pincelada larga, segura, ampla e precisa. O seu trabalho aqui - todo gentil e fino – não são desenhos coloridos como muitos fazem; mas dos “oleos” ótimos: os quadros por concepção e por fatura.

São Paulo Jornal, 1926, texto assinado por Carlo Crisci:

Loura, muito loura como um ardente raio de Sol, linda alma, toda sensibilidade, toda a inteligência: eis a artista. Flores, uma profusão de flores que cantam na gama cromática das pequeninas telas uma doce canção de primavera; eis a sua obra. Flores a ostentarem no amago de suas corolas multicores as suas minúsculas almas de um dia, fugitivas, a se evolarem em espiras suaves de perfume; flores encarnadas como lábios carminados e tentadores de melindrosas a se entreabrirem na ânsia de beijos; flores rubras como chamas vorazes que incendeiam o sangue hibrico e tenebroso de Salomes bíblicas; flores pálidas como virgens românticas [...] Flores, uma profusão de flores a cantar nas pequeninas telas. [...] Suas flores são naturais, são reais: não nos lembram, como a de muitos quadros desse assunto, as flores que saem das mãos mimosas e hábeis das floristas, sem transparência e sem vida. São vivas. […] Nada do maneirismo tão próprio nas mulheres que se dedicam à arte do pincel, nada das incertezas e do acabadinho tão comuns nos quadros de pintoras que denotam, se não uma insuficiência de conhecimentos da ciência pictórica, pelo menos, uma preocupação excessiva de meticulosidade que, aliás, tem sua gênese na própria psicologia do temperamento feminino. Amelia de Maristany se é bem mulher no gênero dos sus quadros, não é na maneira de pintar: a sua técnica é toda masculina. E’ desse consórcio feliz e raro que surgiram, cheias de vida e de luz, cheias de suavidade e de encanto, as pequenas e graciosas, mas fortes e personalíssimas obras de arte que muito nos deliciaram.

No Correio Paulistano de 22 de janeiro de 1926, a coluna Registro de Arte destaca a inauguração no dia anterior: a exposição dos originais de Amelia de Maristany “vinha despertando a atenção do público paulistano, já porque se tratavado manejo do pincel por mãos femininas.“ Em Buenos Aires e no Rio “a imprensa foi unânime em tecer-lhe os mais francos elogios. Amelia de Maristany trouxe para a nossa cidade quarenta quadros diversos - flores, todos, que são a sua especialidade - e S. Paulo, que tem merecido o nome de capital artística do Brasil, julgou-os ontem, pela primeira vez.”

Os críticos avaliaram a pintura de Amelia por oposição à das floristas e às pinturas acadêmicas, sem oferecer exemplos de quem pintasse como ela. Podemos inferir que, naquele momento, em São Paulo, era raro pintar daquela maneira.

DESENVOLVIMENTO: AS PINTURAS E SUA CRONOLOGIA

Amelia foi bem recebida em todos os lugares pelos quais passou. As críticas invariavelmente valorizam a sua pintura, da qual salientam força, ímpeto e vigor da pincelada e mostram surpresa por ser obra de uma mulher.

Os quadros de Amelia são sempre assinados, porém sem data. “Amélia de Maristany” (Figura 2) é o nome artístico que usou nas primeiras exposições.

Figura 2 - Pintura assinada Amelia de Maristany. Fonte: os autores

No verso, manuscrito:“Para meu Luis querido Sugatita

Buenos Aires 2 de maio de 1924

Pintado em um hotel Bahia Blanca”

Em 1930 em Vigo, na Espanha, Amélia agregou o seu sobrenome paterno, Pastro. Assim, há Amelia Pastro de Maristany ou A. Pastro Maristany tanto nos convites de exposições como na imprensa. No seu retorno à Argentina, alternou Amelia Pastro de Maristany com Amelia Pastro Maristany. Contudo, essas variações em documentos de divulgação não repercutiram necessariamente na assinatura de seus quadros. O que observamos é que Amelia Pastro Maristany é a assinatura mais encontradaemobras atualmente oferecidas no mercado de arte e naquelas adquiridas após o retornoda pintora ao Brasil em 1938 e que permanecem com descendentes dos seus compradores. Especificamente sobre Jarro com dálias, pintura assinada com a variante A. Pastro Maristany e catalogada como do ano de 1943 (PETTINI; KRAWCZYK, 2008) no acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli, é importante destacar que ela não apresenta qualquer data e que não foram localizados os documentos originais de sua entrada naquele acervo para verificarmos qual informação permitiu a inserção daquele dado na sua catalogação.

Em 1936 Amelia expôs em Buenos Aires em agosto e em outubro. Em 1937 em mais quatro cidades argentinas (Bahia Blanca, Tres Arroyos, Bragado e Chivilcoy) encerrando o período em que lá viveram com um conjunto de dezenove exposições realizadas entre 1923 e 1937.

O RETORNO A PORTO ALEGRE

A primeira exposição de Amelia em Porto Alegre, em novembro de 1938, ano que retornaram ao país, foi a primeira individual realizada no salão do Instituto de Belas Artes da Universidade de Porto Alegre. O convite contém texto de Angelo Guido, que afirmou não saber “de outro artista nosso que tenha penetrado com mais sutileza o segredo de pintar flores e que tenha conseguido a sensação de naturalidade, de vibração cromática e de vida”. Guido, o primeiro crítico profissional no Rio Grande do Sul com formação e vivência na área de artes plásticas (SILVA, 2017) escreveu várias vezes sobre Amelia. No Diário de Notícias de 27 de novembro de 1938, Guido reforçou ser ela uma expressão isolada pois outras pintoras então em evidência por seu talento, Georgina de Albuquerque e Haydéa Santiago, dedicavam-se mais à figura e à paisagem. Guido a comparou com Guiomar Fagundes (brilhante pintora paulista por ele admirada como figurista) cujas flores

“representam um padrão comum desse gênero”:

Guiomar Fagundes, que nas figuras se expressa com uma técnica sábia e desenvolta, nos quadros de flores já não trabalha com a mesma franqueza. Fica-se com a impressão de flores academicamente bem pintadas, de flores vistas por um dedicado temperamento feminino, mas não interpretadas, como matéria pictórica, por um penetrante temperamento de artista. [...] Mas o estilo de Amelia é inteiramente diverso, é um estilo que, como a paisagem impressionista, se prende a uma concepção colorística da matéria. A matéria, envolvida de luz, pois que na sombra também há luz, se torna massa radiante. Dir-se-ia que há uma decomposição da matéria em vórtices vibratórios.

Em 1 de junho de 1941, comentando a exposição aberta em maio, Guido escreveu no Diário de Notícias que Amelia, em 1938 e ao expor pela primeira vez em Porto Alegre, “já era uma artista de personalidade definida e de nome firmado.” Seu temperamento feminino “encontrou nas flores elementos de emoção e de encanto visual”: “essas qualidades superiores de técnica e sensibilidade para a cor se reconhece imediatamente numa visada de conjunto pela vigorosa coleção de quadros que expõe.” Em As artes plásticas no Rio Grande do Sul, seu artigo para o livro comemorativo do Bicentenário da Fundação de Porto Alegre [FRANCO et al., 1940], Guido destacou Amelia e incluiu duas fotografiassuas: uma, a pintora no atelier, e a outra,um de seus quadros de flores, “pintados com audácia pouco feminina”.

Amelia recebeu Pequena Medalha de Prata no Salão do Instituto de Belas Artes, em Porto Alegre em 1939, e Menção Honrosa no Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro em 1940, com a pintura Rosas Brancas. Essa obra, assinada com a variante A. Pastro Maristany, é a reproduzida por Guido no seu artigo de 1940.

Rememorando a homenagem recebida por Tasso Corrêa na abertura da exposição de trabalhos dos alunos de Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes em dezembro de 1938, Aldo Obino narra que Angelo Guido, ao fim de sua oração, descerrou o veludo que cobria a oferenda ao então diretor do Instituto e surgiu “uma das belas telas de flores pintadas pela artista que Porto Alegre já admira: a sra.Amelia Maristany.” (GOLIN, 2002)

Amelia expôs setenta telas na galeria de arte da Casa das Molduras em 1946, e realizou outras individuais em Porto Alegre nos anos de 1949, 1956, 1960 e 1971.

Sobre aquela exposição de 1946, Aldo Obino escreveu:

A distinta expositora se apresenta com um labor pujante, pincelando com desenvoltura, colorindo em opulenta policromia, valorizando as pequenas e as grandes flores em estilo impressionista e ensaiando diferentemente naturezas mortas, com expontaneidade focada, caraterizando-se pelo desataviamento, isto é, fugindo o mais possível aos estudos convencionais [...] o labor desenvolvido na sua última etapa se apresentava vigoroso, concentrado, nas telas a oleo trabalhando decididamente e obtendo, assim, resultados plausíveis, permanecendo uma artista que domina o material a guache pintado.Fixando as flores com o poder de captação peculiar a sua sensibilidade exuberante e a sua personalidade extrovertida, o resultado é que os seres da flora são conquistados receptivamente por uma alma que vibra sempre. Eis porque as flores dessa artista não se distinguem por poses, como acontece com a velha arte fotografica das atitudes convencionais. [...] Outro dom da artista consiste em buscar as flores do campo [...] naturezas mortas revelam o gosto pelo natural e não pelo requintado. E' o sentido que tem as telas que registram expressivamente cuia, garrafa e frutas: ameixas, limões, pêssegos, fora da rotina dominante.

(GOLIN, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Amelia abraçou uma vida singular cheia de riscos e de aventuras. Continuou pintando flores, apoiada por um marido que a viu capaz, em contraste com alunas do Instituto de Belas Artes que casaram e não seguiram na carreira como artistas ou como professoras.

Christina Balbão, Alice Soares e Alice Brueggemann, três das “alunas do Corona”, após concluírem o curso, seguiram solteiras e se destacaram no campo da arte e pela dedicação a atividades culturais. Balbão e Soares foram as primeiras mulheres docentes daquela instituição. Brueggemann trabalhou como desenhista à tarde, e de manhã pintava no atelier que dividia com Soares. Nascidas em 1917, Brueggemann e Soares fizeram as suas primeiras exposições individuais em 1955 e

1959, respectivamente, e hoje são consideradas as pintoras pioneiras em Porto Alegre. (MORÉ, 1998)

Amelia apresentou exposições individuais a partir de 1923 na Argentina, no Brasil e na Europa. Documentadas pela imprensa da época, com apreciação crítica para muitas de suas pinturas e também identificação de compradores. Seu pioneirismo, portanto, merece ser reconhecido.

REFERÊNCIAS

FRANCO, Alvaro. COUTO E SILVA, Morency de; SCHINDROWITZ, Léo Jeronimo. Porto Alegre - biografia de uma cidade, Porto Alegre. Tipografia do Centro S. A. 1940, p. 468-470.

GOLIN, Cida (org.). Aldo Obino. Notas de arte. Caxias do Sul: EDUCS 2002, p. 47.

GOMES, Paulo (org.). Pinacoteca Barão de Santo Angelo – Catálogo Geral /19102014, Volume 1. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2015, p. 185.

MORÉ, Cristina Barth (coord.). Alice Brueggemann & Alice Soares. Porto Alegre: Galeria de Arte Mosaico: 1998, p. 32 e 54.

PETTINI, Ana; KRAWCZYK, Flavio. Pinacotecas Aldo Locatelli e Ruben Berta – acervo artístico da prefeitura de Porto Alegre, Porto Alegre: Palotti, 2008. p. 50.

SILVA, Úrsula Rosa da. A crítica de arte em Angelo Guido. Curitiba: Appris, 2017. p.

195.

SIMON, Cirio. Origens do Instituto de Artes da UFRGS: etapas entre 1908 – 1962 e contribuições na constituição de expressões de autonomia no sistema das artes visuais do Rio Grande do Sul.2002. 661 f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – FFCH, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2003. p. 195.

[1] Doutora em Ciências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,silvialivibr@yahoo.com.br

[2] Doutor em Ciências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, rplivi@yahoo.com.br

3 Mestre em Letras, Universidade Federal de Santa Maria, marcobp@gmail.com